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Guia para a delação da Odebrecht
Um tempo atrás, uma das operações da PF na Operação Lava Jato descobriu uma planilha da Odebrecht com nomes de mais de 200 políticos e números. Dentre os nomes há tanto gente que já foi envolvida nos esquemas criminosos descobertos seja por delações ou por investigações quanto gente que não parece ter nada a ver com esquemas, caso de Manuela D’Avilla (PC do B), por exemplo.
Algumas doações dessa lista foram encontradas no registro oficial do TSE, ou seja, já eram de conhecimento público e foram feitas seguindo as regras da lei eleitoral.
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Pelo fim da Medida Provisória
Medidas Provisórias (MP) são como projetos de lei, mas trazem consigo algumas diferenças fundamentais. Em tese, as MPs só podem ser editadas quando dois requisitos mínimos são observados: urgência e relevância. Ou seja, deveriam ser reservadas para casos em que a demora do processo legislativo pode causar danos irreparáveis ou para emergências.
Como esses requisitos são frequentemente ignorados, as MPs dão um enorme poder de governabilidade unilateral para a Presidência da República.
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Eleito sem maioria
Desde ontem várias pessoas insatisfeitas com os resultados eleitorais em suas cidades reclamam de os candidatos eleitos não terem recebido a maioria dos votos. Citam o número de pessoas que votaram nulo, branco ou sequer foram votar e dão a entender que não foi uma maioria que elegeu o candidato vencedor, o que seria um problema.
Leandra Leal: Crivella não foi eleito por uma maioria Eu até concordo com Leandra Leal sobre quem deveria ter ganhado no Rio.
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PEC do teto? Do fim do mundo?
O PIB, produto interno bruto, é uma medida de tudo o que é produzido pela sociedade. A parte do PIB que passa por dentro do governo, através da cobrança de impostos e gastos do governo, cresce continuamente desde a criação da Constituição de 88. Isso significa que os gastos crescem mais do que a economia desde aquela época.
Isso por si só não é ruim. A sociedade brasileira escolheu que quer um Estado grande, provedor de serviços como educação e saúde.
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Por que não colocar pagamento de juros no teto do gasto?
Vez ou outra volta um papo de dar calote em dívida. Dos anos 80 pra cá a demanda por moratória da dívida se transformou em demandas menos diretas, mais camufladas. Uma é a tal auditoria cidadã, que ignora que a dívida é auditada e quer na verdade repetir o que foi feito no Equador (usado frequentemente como exemplo por seus defensores): calote. A da vez é dizer que o teto de gastos da PEC 241 deveria incidir sobre os juros da dívida.
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Dilma é pior que corrupção
Vejo muito nas minhas redes sociais amigos que afirmam ironicamente, para provocar os que defendem impeachment: “domingo a corrupção acaba no país”, fazendo referência a uma das duas narrativas polarizadas tão bem descritas num texto na Newsweek.
Mas isso é uma simplificação. Não duvido que muita gente queira tirar o governo por ser corrupto e que acredite numa limpeza, mas há também muita gente que não subscreve a essa narrativa – eu incluso.
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À espera de um milagre
Com revisão e sugestões de Laila Damascena.
De todos os argumentos usados durante os acalorados debates sobre a instalação das ciclovias na cidade de São Paulo, um em particular sempre me irritava bastante: “isso não resolve o problema do trânsito em São Paulo”, diziam.
Ora, alguém disse acreditar que ciclovias iriam resolver o problema do trânsito em São Paulo?
Ninguém em sã consciência diria isso. O problema é enorme, diverso, complexo e não tem como ser solucionado por uma única medida qualquer que seja.
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Pedaladas para dummies
Fiquei pensando num jeito simples de pensar o que são as pedaladas e cheguei nessa historinha. Imagine a seguinte situação:
Um casal tem um filho e quer ensinar a ele como gastar dinheiro de forma responsável. Estabelecem uma mesada e fazem com ele um acordo: se não gastar de uma vez e chegar ao final do mês com algum dinheiro sobrando, a criança ganha uma caixa de chocolates.
O menino não faz muito esforço para atender o acordo.
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O risco de Berlusconização do Brasil
Matias Spektor escreveu um ótimo texto para sua coluna na Folha recentemente sobre a Mãos Limpas, uma grande operação de combate à máfia que investigou e puniu parte significativa dos poderosos da Itália.
Recomendo a leitura do texto, que não é grande, mas acredito que ele pode ser resumido assim: a operação Mãos Limpas começou com grande êxito, derrubando a coalizão do governo. Quando ameaçava derrubar Silvio Berlusconi, uma figura carismática, este conseguiu emplacar um discurso de perseguido político e se eleger.
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Por que reformar a previdência?
Existem dois argumentos básicos muito usados por quem defende que não é necessária uma reforma da previdência. O mais fácil de derrubar é o de que não há atualmente um rombo na previdência. Basta saber que nós adotamos o modelo pay as you go e olhar para as projeções populacionais para saber que mesmo que não fosse um problema hoje, é óbvio que será no futuro.
Primeiro porque a idade média de aposentadoria do brasileiro está em torno de 53 anos de idade, enquanto a expectativa de vida é de quase 80 anos!